No último sábado, dia 26
de maio de 2012 foi organizada a ORDEM DOS PASTORES BATISTAS CLÁSSICOS DO
BRASIL. A reunião ocorreu nas dependências da Igreja Batista Boas Novas do
Rodoanel em Carapicuíba, São Paulo, Brasil. O encontro, além de criar a
organização, gerou um manifesto, o qual transcrevemos a seguir, autorizando
toda a mídia interessada a publicar o texto para o conhecimento da coletividade
evangélica:
Há menos de cinqüenta anos havia um jeito próprio de
ser batista. Na ortodoxia doutrinária tínhamos uma mesma hermenêutica para a
interpretação bíblica. Havia seminários credenciados no preparo de pastores.
Havia editoras confiáveis para a aquisição de literatura teológica de alto
nível. Havia confissão doutrinária nas instituições de ensino teológico. Não
havia discussão pneumatológica. Éramos todos conservadores: não aceitávamos o
falar em línguas estranhas como dom atual do Espírito Santo, não tínhamos
curandeiros na prática de supostas curas, não admitíamos profecias ou
revelações extra-bíblicas e não possuíamos pastoras ou apóstolos no rol de
obreiros eclesiásticos.
A liturgia de culto era do tipo reformada. O púlpito
ficava no centro das atenções, pois a pregação bíblica tinha importância
crucial. A música era religiosa, era sacra, direcionava a igreja no ato da
adoração, transmitia mensagens cantadas e apelava evangelisticamente ao pecador
inconverso. Não havia “números especiais”, mas “participações no culto”. Não
havia “equipes de louvor”, mas músicos, cantores, orquestra, coro e
instrumentistas. Os oficiais mantinham reverência, uma postura de formalidade
sagrada, apresentando-se bem trajados, pois compreendiam estar realizando algo sublime.
Os pregadores buscavam a excelência, numa linguagem
sadia e rica, numa prédica bem lógica e num sermão bem formatado, pois criam
estar formando opiniões e entendiam que seus auditórios eram compostos de
pessoas inteligentes e sensatas, que cresceriam na cultura e no conhecimento
bíblico.
As relações entre igrejas eram de, no mínimo, entre
“co-irmãs”, isto é, que tivessem o máximo de pontos de igualdade e o mínimo de
divergências. Assim, era comum o intercâmbio entre igrejas batistas, às vezes entre
batistas e protestantes, mormente presbiterianos, mas praticamente nunca com
igrejas pentecostais.
Os ritos de oração eram ordeiros: alguém orava e
outros acompanhavam com “amém” intercalado, ou diziam pequenas frases baixas,
para não atrapalhar nem quem orava e nem o auditório. Os crentes possuíam ética
comportamental por onde iam: não participavam de danças ou bailes, suas filhas
não celebravam aniversários de quinze anos em programação idêntica a das
debutantes seculares, não iam a cinemas e teatros com programa e auditório
indecentes, não bebiam nem em casa e nem socialmente, não falavam palavrões,
não contavam piadas chulas, não participavam de arruaças, não compartilhavam de
cultos ecumênicos, não assistiam novelas imorais.
Os pastores tinham postura diferenciada na
sociedade: não faziam dívidas que não pudessem pagar; andavam decentemente
trajados e não participavam de diversões que colocassem em risco sua postura
sóbria e solene de ser; eram hospitaleiros e queridos; buscavam aprimorar sua cultura;
tinham sólida formação teológica e sabiam defender a sua fé; eram leais no
matrimônio, cordatos nas relações, graves em suas colocações; não compactuavam
com os pecados do rebanho, mas disciplinavam com coragem e determinação; não
pregavam auto-ajuda, mas anunciavam o “assim diz o Senhor”.
Pastores batistas não participavam de organizações
pentecostais, não aceitavam ceder a fé em prol do convívio pacífico com outros
cristãos. Eram leitores contumazes, eram mestres do bem, eram elegantes em suas
colocações, eram destacados na sociedade.
A Ordem dos Pastores funcionava como um centro de
reciclagem teológica, de recuperação espiritual, de convívio com os pares e de
referência para o ministério. Seus encontros eram todos considerados solenes,
não havendo espaço para transformá-los em meras reuniões informais de amigos.
Tudo era visto com extrema importância e valor.
Mas meio século se passou. O tempo trouxe mudanças
radicais na sociedade, nas regras sociais, e, para surpresa e decepção nossas,
nas igrejas e na postura pastoral dos batistas.
A hermenêutica tornou-se de múltipla escolha. Hoje a
filosofia que impera na interpretação bíblica é a relativista: o que vale para
uma igreja, ministério, pastor, época ou situação podem variar inesgotavelmente.
Cada um interpreta a bíblia a seu bel-prazer.
Não há mais um seminário ou uma rede de seminários
dignos para preparar os pastores; hoje qualquer um busca preparo onde desejar,
independentemente da confissão de fé que a instituição tenha. Assim, há pastores
formados em instituições pentecostais, ecumênicas, fundamentalistas,
protestantes e batistas liberais. A literatura evangélica consultiva tornou-se
extensa e comercial. A cada mês surgem novas versões bíblicas, novas
teorias da Alta Crítica, novas filosofias de ministério, novas propostas de
crescimento de igreja, novos sistemas mirabolantes de revolução eclesiástica, e
nossos obreiros, seduzidos pelo crescimento rápido, fácil e abundante, cedem ao
canto da sereia e à lábia da serpente.
Hoje é “pecado” dizer-se cessacionista. Mais da
metade dos pastores batistas crêem em manifestações pentecostais, ainda que
veladas, ainda que não confessadamente como sinais do Batismo do Espírito
Santo. Outros, muito mais ousados, transformaram suas igrejas em autênticas
agências neopentecostais, com cópias malfeitas do sistema dessas seitas: noite
dos empresários, sessão de descarrego, quebra de maldições etc.
Há igrejas batistas com ações tão pentecostais que
chegam a assustar os próprios membros de igrejas carismáticas. Há
pastores que procuram “açucarar” a questão pentecostal, tolerando quem faz suas
investidas em casa ou em reuniões de grupos pequenos, sem causar tumulto no ato
público geral. Outros tentam conciliar o irreconciliável, tecendo longos
discursos inócuos que não dizem absolutamente nada. Há ainda os que se sentem
tão doutos, tão gabaritados nas línguas mortas que crêem ser os próprios
oráculos da fé, aptos para interpretar a pneumatologia à luz de sua própria
auto-suficiência.
O púlpito foi para o canto ou transformou-se em
apetrecho desnecessário. A plataforma das igrejas transformou-se em palco para
shows. Normalmente os instrumentos musicais, equipamentos eletrônicos e outros
elementos de mídia ocupam todo o espaço. Não há diferença dos palcos de
programas televisivos. Geralmente, o pastor é o animador de auditório. Há
os dançarinos, que ocupam a parte de baixo, rapazes e moças, com roupas de balé
ou de candomblé (esvoaçantes e de tecidos soltos) fazendo coreografias de
acordo com o ritmo, com o tema ou com o momento vivido no culto.
Os músicos seguem a moda: ou tocando rock ou músicas
chamadas de “comunidade, louvor e adoração” ou emotivas como as dos mantras da
Lagoinha. Geralmente há as “ministrações” que são simulacros de manifestações
pneumatológicas, onde os dirigentes dizem receber mensagens, falando “assim diz
o Senhor”. Há também aqueles “ministradores de louvor” que fazem pequenos
sermões entre músicas, ocupando praticamente o culto todo. Na hora do sermão do
pastor não há mais o que pregar ou não há mais tempo ou não há mais paciência
para ouvi-lo. Na verdade diluiu-se o púlpito em cápsulas de nada.
Hoje se paga para alguém louvar a Deus. Convidam-se
grupos de sucesso, cantores de mídia ou “testemunhadores” profissionais que
consigam atrair grande público, aos quais se paga um bom cachê, além de dividir
a oferta da noite; práticas essas neopentecostais declaradas, que se
transformaram em praxe moderna de cultos protestantes.
Os pregadores perderam a homilética, transformando-a
em prática de palestras seculares de auto-ajuda. Não há mais diferença entre
prédica, sermão, oratória sacra e palestra de auto-ajuda. A tecnologia, que
deveria ser apetrecho para auxiliar os palestrantes, tornou-se moda e muleta,
pois os pregadores modernos não sobem ao púlpito sem um notebook e uma tela
para datashow. Seus sermões estão cheios de cliparts, de powerpoints, de
músicas de Yanni ao fundo, um misto de paganismo com palestra empresarial. E os
seus temas? “Matando sete leões por dia”, “como vencer as barreiras”, “a arte
de transformar derrotas em vitórias” etc. Geralmente, seus compêndios
preparatórios são as publicações da internet, são os ícones da mídia evangélica
que publicam em pequenas quantidades as suas adaptações do que aprendem em
palestras de hotéis e cursos de vendas. Há pastores que se limitam a comentar
as manchetes dos jornais do dia ou ler as orelhas dos últimos livros da editora
preferida ou então tecem críticas sobre política, novelas, esportes
ou ainda sobre eventos denominacionais. Falar sobre Céu, Inferno,
salvação, perdição, moral, espiritualidade, ética, tudo isso fica para alguma
resenha no boletim ou algum suposto curso teológico para leigos, que geralmente
não passa de um livreto americano mal traduzido e mal aplicado. Resultado:
igrejas às vezes até cheias, porém fracas, sem bíblia, sem doutrina, sem
espiritualidade.
A linguagem no púlpito tornou-se também coloquial.
No afã de transformar a prédica em algo inteligível para todos, ousou-se mudar
também a língua, rebaixando-a ao seu mais ínfimo nível. Assim, não é raro ouvir
palavrões na pregação. Palavras feias, chulas, frases de mídia, chavões,
português mal aplicado, tudo ao gosto da modernidade. Assim como a mídia faz
questão de trazer a linguagem dos antros e dos redutos da imoralidade para a
tela e para os lares, os púlpitos refletem também a mesma pobreza, mau gosto e
qualidade: púlpitos feios, chulos e pecaminosos.
As igrejas batistas passaram a não se distinguir
mais em seus distintivos. Assim, intercambiar ou fazer coisas com igrejas de
qualquer fé e ordem transformou-se em algo normal. Já é possível ver vigílias
entre igrejas batistas, pentecostais e neopentecostais. É comum ver igrejas
batistas e igrejas católicas realizando atos sociais e cultos ecumênicos.
Tornou-se prática habitual a realização de “marchas para Jesus” ou “louvorzões”
ou “congressos”, com “ministrações” pentecostais em seu bojo. Pastores
batistas, inclusive pessoas da diretoria da Ordem dos Pastores Batistas do
Brasil e das convenções brasileira e estaduais, participam de organizações de
pastores ecumênicos, onde seus presidentes são “apóstolos” ou “bispos”, sem o
menor constrangimento. Numa convenção estadual, o seu executivo é tesoureiro de
uma organização ecumênica de pastores. Com efeito, os limites do aceitável e do
não recomendável transformaram-se em nada!
O ministério pastoral batista transformou-se de
forma aviltante. Hoje nós já temos apóstolos. Sim. O que era considerado
heresia há cinqüenta anos (era consenso geral que apóstolos foram as
testemunhas oculares do ministério de Jesus, incluindo sua morte e ressurreição
e estava restrito aos doze, ou, quando muito, ao grupo próximo dos
doze), hoje transformou-se, pela atual ciência da má interpretação
bíblica, uma “opção ministerial”, uma “restauração do ministério cristão”.
Tomou-se o termo, deu-se a tradução e aplicou-se de forma contemporânea a sua
eficácia. Então, temos hoje, no Rio de Janeiro e em Santa Catarina , os
primeiros apóstolos batistas convencionais.
Não diferindo na má interpretação hermenêutica,
temos atualmente pastoras. Mulheres, que antes serviam a Deus nas qualificações
e ministérios bíblicos claros e definidos, agora invadiram o pastorado também.
Claro, sob a ótica e a égide dos tempos modernos, das supostas “conquistas”, as
mulheres precisavam tomar também esse “reduto machista”, que é o ministério
pastoral. Já temos mais de duzentas pastoras batistas convencionais. Os
seminários batistas não apenas aceitam a realidade como já mantém cursos específicos
para suprir essa “demanda eclesiástica”. Há cinqüenta anos isso era impensável,
porém hoje se considera “pecado” e “opinião politicamente incorreta” ser contra
o pastorado feminino. Nossas instituições cooperativas posicionam-se
cada vez mais favoráveis. E os pastores que mantém sua fé cristã batista
ortodoxa são cada dia mais execrados, sem espaço, sem opinião, fadados e
relegados ao ostracismo e à marginalidade funcional.
Com tudo isso, a nova moralidade também tomou conta
de nossas igrejas. Não há mais limite entre o sacro e o profano. Hoje há bailes
dentro das igrejas. Há festas de fantasias. Há “baladas”. Casamentos há que
terminam seus festejos com verdadeiras discotecas nos salões sociais. A bebida
alcoólica transformou-se em coisa comum. O sexo entre jovens e adolescentes
agora é tolerado. Há igrejas distribuindo preservativos às uniões de
jovens. Há acampamentos que terminam em bebedeira. Há
igrejas batistas que participam do Carnaval com escolas de samba e com bailes
de máscaras. Estamos numa situação tão ridícula que custa-nos a acreditar. Já
há sex-shop gospel!
Junto a isto, soma-se o grave pecado dos “teólogos
da corte”, frase cunhada por um padre católico ortodoxo. É a mistura entre a
Igreja e o Estado, a troca de favores, o recebimento de terrenos do Estado para
a construção de igrejas; os pastores a transformar seus púlpitos em plataformas
políticas ou em trampolins para se lançarem candidatos a funções públicas,
igrejas que se tornam meros centros de convivência social a serviço da
política, congregações que recebem verbas do governo para realizar aquilo que
deveriam fazer às suas próprias expensas. É o mesmo que aconteceu com Israel no
passado, é o mesmo que aconteceu com a igreja romana e Constantino, e é o mesmo
que acontece agora entre batistas e os partidos trabalhistas ou governamentais
desta época. Religião e política misturadas.
A nossa Ordem de Pastores está realmente
representando o ministério pastoral batista? Está ela contribuindo para a nossa
edificação, reciclagem teológica, fundamentação bíblica e compartilhamento
fraterno sadio? Ou estaremos nos tornando “peixes fora d’água” no meio de um
oceano de novidades e de práticas incompatíveis com os ensinamentos bíblicos
que recebemos e nos quais cremos?
A impressão que se tem é que temos que pedir
desculpas aos colegas cada vez que nos afirmamos cessacionistas ou que não
apoiamos o ministério pastoral feminino ou que não cremos em apóstolos modernos
ou que não aceitamos sistemas mirabolantes de crescimento ou que divergimos de
campanhas esdrúxulas de 40 dias, de 100 dias, de semanas ou de novenas.
Parece que é crime ser batista tradicional e
clássico no meio dos colegas modernos, que são a vasta
maioria. Somos considerados retrógrados, quadrados, ultrapassados,
imbecis, xiitas, conservadores, fundamentalistas, reacionários, museus
ambulantes, doentes mentais etc. Para um bom convívio, temos de dizer que
“juntos somos mais” ou “minha vida, impacto para as nações”. Temos
que receber os dvds das juntas missionárias cheias de coreografias e aceitar
isso como bom. Temos que cantar a mesma música, rezar na mesma cartilha,
praticar a mesma campanha, bajular os mesmos ícones, ler as mesmas aberrações,
tudo em nome do “bom convívio e da harmonia”. E bem sabemos: não seremos convidados
sequer para fazer uma oração silenciosa, uma vez que os cargos são marcados,
numerados e direcionados a quem aglutina, a quem bajula, a quem aceita tudo.
Não foi isso que os saudosos pastores Salvador
Farina Filho e Rubens Lopes, em São Paulo , e José de Souza Marques, na Bahia,
pensaram, ao criarem as ordens de pastores batistas de São Paulo e do Brasil,
respectivamente (1942 e 1940).
Sem nenhum cunho separatista ou de cisão pela cisão,
queremos registrar o nosso protesto contra toda essa
situação teratológica que vivemos neste início do século XXI e fazer uma
proposta para ações concretas de retorno à sensatez, à sã doutrina e aos
valores basilares de nossas instituições.
Nós protestamos.
Protestamos contra a dança e a coreografia no culto
que prestamos a Deus e em nossas igrejas batistas. O culto que agrada a Deus
não é estético, é espiritual; não é profano, é sacro; não é fundamentado na
sociologia e na antropologia, mas na teologia.
Protestamos contra as igrejas batistas que
transformaram suas plataformas de púlpito, obreiros e músicos em palcos para a
realização de espetáculos! O culto não é show!
Protestamos contra aqueles que defendem os dons de
sinais como contemporâneos às igrejas. Protestamos contra os atuais profetas de
igreja, contra aqueles que dizem receber revelações extra-bíblicas, contra
aqueles que dizem ter “ministrações” em português ou em línguas estranhas.
Protestamos contra a teologia da prosperidade, que
invade a nossa teologia e os nossos cultos, escravizando o povo ao mero sucesso
financeiro em detrimento da verdadeira riqueza celestial!
Protestamos contra as unções que inventaram para a
atualidade! Nós não cremos - e desafiamos quem crê - a
mostrar-nos nas Escrituras Sagradas as tais “unção de primogenitura”, “unção de
conquista”, unção apostólica” ou quaisquer outras!
Protestamos contra a existência de apóstolos
modernos, pois não houve nem sucessão nem restauração deste ministério. Eles,
os bíblicos, foram suficientes e foram escolhidos por Cristo. Nós somos apenas
auxiliares do Supremo Pastor, nada mais que isso. Não há mais apóstolos!
Protestamos contra sistemas de crescimento de igreja
que tendem a transformá-las em fábrica de adeptos ou postos de venda de grandes
indústrias religiosas. Protestamos contra esquemas mirabolantes de ampliação e
de modificação de igrejas, à luz de supostos líderes evangélicos que mantém fé
dúbia e pouco ortodoxa! Protestamos contra G12, M12, contra Igrejas Com
Propósitos ou qualquer outro sistema que queira impor uma eclesiologia
diferente a uma igreja batista!
Protestamos contra o pastorado feminino! Mulheres e
homens são iguais perante Deus; mulheres e homens têm livre acesso ao Senhor.
Mas mulheres têm funções diferentes das dos homens e nas páginas da bíblia não
foi confiado às mulheres o ministério pastoral. Isto não as desmerece diante
dos homens. Deus nos criou com ministérios diferentes e nós ainda
cremos na Bíblia sem precisar mudá-la, ampliá-la ou adaptá-la! Não reconhecemos
o ministério pastoral feminino batista!
Cremos na Bíblia como única Palavra de Deus,
inerrante, verdadeira, fiel, isenta de manchas ou erros. Nós cremos na Bíblia e
só na Bíblia. Não precisamos de novos intérpretes, novas versões ou traduções
contemporâneas para compreender qual é a Palavra de Deus revelada. Protestamos
contra as versões modernas e adulteradoras da Palavra e não aceitamos a chamada
re-leitura das Escrituras!
Protestamos contra o culto antropocêntrico, que faz
do homem e de suas necessidades a razão de ser das atividades eclesiásticas e
religiosas. Protestamos também contra todo culto que não seja direcionado a
Deus! Protestamos contra o culto que exalta o homem e que busca a glória
humana!
Rejeitamos o ecumenismo e não admitimos uma fé
misturada com paganismos, tradições, modismos e com opiniões
meramente humanas. Protestamos contra igrejas batistas que perderam os seus
distintivos, os seus princípios, as suas raízes e se tornaram meras agremiações
liberais religiosas!
Protestamos contra as organizações eclesiásticas
dominadoras, que querem transformar as igrejas em entidades dirigidas por uma
convenção ou associação. Nós ainda cremos na autonomia das igrejas locais e na
independência das igrejas! Cremos na cooperação dos batistas, mas não na intromissão
das entidades na administração local. Protestamos contra a tendência atual de
bispado e de sedes eclesiásticas para batistas!
Protestamos contra o modernismo religioso, contra o
liberalismo teológico, contra o evolucionismo e neopentecostalismo que já
encontramos em nossas literaturas batistas e em nossos seminários infiéis.
Sim. Somos protestantes.
E, à luz do nosso protesto, anunciamos aos colegas,
aos pastores que ainda vêem com seriedade o ministério cristão batista: criamos
uma nova ordem alternativa de pastores. Uma ordem baseada em nossa comunhão
batista clássica, em nossas raízes e aspectos distintivos, em nossa comunhão
cristã ortodoxa e sem liberalismo. Uma comunhão de pastores concordes, que
pensam da mesma maneira, que lutam a mesma batalha, que possuem a mesma
opinião. Uma ordem que nos dê um rumo, uma luz, um norte, que seja um
referencial, que tenha a seriedade de assumir posições, que sirva de
organização em nível geral de colegas de opiniões semelhantes. Que seja uma
entidade com VEZ e VOZ, que expresse aquilo que muitos de nós gostaríamos de
dizer mas que, infelizmente, nem sempre poderíamos ser ouvidos isoladamente.
Uma ordem de pastores batistas clássicos, conservadores, tradicionais,
bíblicos.
“Andarão dois juntos se não houver entre eles
acordo?” Amós 3.3.
Esta ordem terá critérios claros para os seus
membros. Os critérios seriam exatamente aqueles que foram foco do protesto que
fizemos logo acima, fruto da observação de todas as coisas que nos causam tanto
aborrecimento e perplexidade.
Esta ordem se transformará num autêntico “selo de
qualidade de obreiro batista”. Quem for associado dela terá uma recomendação
muito boa a seu respeito, pois seus membros serão reconhecidos como bem
doutrinados, conhecedores da Palavra de Deus, de moral ilibada e de vida
espiritual reconhecida. Assim eram os pastores da Ordem dos Pastores
antigamente. A nossa carteirinha, à moda antiga, com páginas para
carimbo.
Esta Ordem promoverá a comunhão entre os obreiros de
mesma opinião. Tal comunhão seria conseguida através de correspondências,
encontros, redes sociais, amizades verdadeiras, discipulados,
“pastoreamento” entre os colegas, bem como o compartilhamento de experiências.
Também preparará novos obreiros. É bom que se diga
que não é o seminário que faz o bom pastor. Muitos dos nossos pioneiros eram
autodidatas, não fizeram cursos formais de teologia. Infelizmente, hoje há
seminários que mais estragam os candidatos do que os preparam para o
ministério. A nossa ordem poderá desenvolver o seu próprio preparo teológico
para os seus obreiros, com seminário à distância, e/ou presencial, publicação e
recomendação de boas literaturas teológicas para os seminaristas. No caso de
concílios, poderemos ser consultados pelas igrejas dos colegas, para o exame
dos mesmos e a sua recomendação ao ministério pastoral. Os nossos critérios
serão claros e não políticos.
A nova Ordem poderá promover CONGRESSOS DE DOUTRINAS
BATISTAS. Prepararemos um currículo e um curso apostilado de nossa Ordem, para
que os colegas ensinem às igrejas as matérias concernentes ao assunto. Será uma
excelente contribuição ao trabalho batista.
A nova Ordem poderá trazer à comunhão obreiros
decepcionados com o sistema. Não somos os únicos. Somos apenas uma pequenina
parcela de pastores que ficaram aquém da máquina denominacional. Há muitos
colegas que não participam mais e não falam mais, pois divergem do que vem
acontecendo. Tais colegas, ao tomar conhecimento de nossa agremiação, poderão
motivar-se a cooperar, a contribuir, a participar e, assim, a acrescentar sua
boa experiência a serviço de nosso ministério.
A nossa Ordem terá uma página na internet. Nessa
página teremos tudo a nosso respeito: a nossa história, os nossos distintivos,
a nossa agenda, os nossos associados, os nossos artigos, as nossas igrejas, as
nossas propostas, as nossas opiniões, enfim, será uma autêntica SALA DE
IMPRENSA ao grande público, mormente à denominação batista, que, queira ou não,
terá que nos ouvir e terá que nos respeitar.
A nossa Ordem poderá editar lições bíblicas para a
EBD e publicar livros sobre o ministério e ciências bíblicas. Seremos uma
espécie de ressurreição da Casa Publicadora Baptista, com jornal e tudo. Por
que não? Não foi com 16 hinos que Salomão Luiz Ginsburg começou um hinário
chamado CANTOR CRISTÃO?
Nós, os pastores batistas concordes e convocados
para esta momento, organizamos uma aliança de pastores, nos dizeres de José de
Souza Marques em 1940 ou uma ordem de pastores batistas, nos dizeres de
Salvador Farina Filho em 1942.
Trilharemos o caminho de volta aos valores antigos,
às origens, às publicações clássicas antigas, ao procedimento pastoral bíblico
e trabalharemos com afinco neste propósito, dando a nossa parcela de
contribuição à denominação, num contraponto à situação terrível que o
ministério pastoral batista se encontra.
Criamos a ORDEM DOS PASTORES BATISTAS CLÁSSICOS DO
BRASIL, mas poderemos estendê-la a todos os pastores batistas conservadores
lusófonos pelo mundo. Nossa agremiação pode acolher outros colegas que
assinem o mesmo manifesto e aceitem as mesmas condições e não se exige dos seus
membros abdicação ou desfiliação da OPBB ou outras instituições afins.
Este é o nosso manifesto. Que Deus nos ajude!
Carapicuíba, São Paulo, Brasil, 26 de maio de 2012
Assinam este documento:
Pastor Wagner Antonio de Araújo
Pastor da Igreja Batista Boas Novas do
Rodoanel, em Carapicuíba, São Paulo, Brasil
Pastor Messias José dos Santos
Pastor da Primeira Igreja Batista em São José
do Rio Pardo, São Paulo, Brasil
Pastor Gilson Celestino dos Santos
Pastor da Primeira Igreja Batista Holística de
Vila Formosa, São Paulo, Brasil
Pastor Samuel Lima de Oliveira
Pastor da Primeira Igreja Batista em Jardim
Fortaleza, Vargem Grande do Sul, São Paulo, Brasil
Pastor Marcos Gesiel Laurentino
Pastor da Igreja Batista Fundamental em
Araguari, Minas Gerais
Pastor Ibraulino Batista de Souza
Membro da Primeira Igreja Batista da Penha,
São Paulo, Brasil
Pastor Eliseu Lucas
Pastor da Missão Batista Raízes em Guaxupé,
Minas Gerais,
congregação da
Primeira Igreja Batista em Mococa, São Paulo,
Brasil
Pastor Wilson Pereira Martins
Pastor da Igreja Batista do Bairro do Limão,
São Paulo, Brasil
Pastor Aparecido Donizete Fernandes
Pastor da Igreja Batista Sinai, São Paulo,
Brasil
Aos pastores batistas interessados e a quem
queira maiores informações: